Em princípio, faz sentido: você exercita os músculos para deixá-los mais fortes e evitar a fragilidade e o declínio. O cérebro não deveria funcionar do mesmo jeito?
Essa premissa lançou vários sites e aplicativos de treinamento cerebral e, provavelmente, contribuiu para a venda de inúmeros livros de Sudoku, palavras cruzadas e quebra-cabeças lógicos nas últimas duas décadas. E também inspirou vários pesquisadores acadêmicos a explorar se o treinamento cognitivo realmente pode deixar as pessoas mais inteligentes e até mesmo reduzir o risco de demência.
Mas, como sempre acontece na ciência, uma ideia aparentemente simples se revela mais complicada do que parece. Porque a resposta à pergunta “treinar o cérebro dá resultado?” depende do tipo de exercício que você está fazendo e dos benefícios que está buscando.
Quando os psicólogos fazem pesquisas sobre a possibilidade de melhorar a cognição, eles usam principalmente jogos de computador desenvolvidos para aprimorar um aspecto específico de como pensamos. Alguns jogos de treinamento cerebral ensinam às pessoas estratégias para aprimorar uma habilidade ou reconhecer padrões. Outros aumentam gradualmente a velocidade e o grau de dificuldade, conta Lesley Ross, professora de psicologia da Clemson University.
Muitos estudos demonstraram que investir nesses jogos pode melhorar as habilidades cognitivas das pessoas – não apenas na tarefa específica em que estão trabalhando, mas também em tarefas relacionadas. Isso “não é muito surpreendente”, avalia Adrian Owen, professor de neurociência cognitiva e imagem na Western University, em Ontário, Canadá, assim como alguém que pratica a memorização de números de telefone provavelmente melhora a memorização de datas.
As evidências de que jogar um tipo de jogo deixará você mais inteligente em geral ou ajudará você a melhorar em um tipo de tarefa completamente diferente são menos convincentes.
Fonte: Estadão