Imagine a situação: você está aguardando retorno sobre um processo na Justiça e recebe uma mensagem no celular dizendo que o juiz já expediu a sentença e só falta fazer um Pix para liberar o crédito. Esse é o exemplo mais comum do “golpe do falso advogado”. Trata-se de uma nova modalidade de fraude que usa de diversos recursos para persuadir a vítima e conseguir dinheiro e informações sensíveis, como chaves de acesso e senhas bancárias.
A nova modalidade de golpe foi motivo para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo emitir uma cartilha com orientações para evitar que mais pessoas sejam vítimas. A cartilha salienta que o golpe do falso advogado ocorre especialmente em virtude de demandas judiciais, pois os golpistas têm acesso aos dados que estão nos processos judiciais, que são públicos.
E funciona assim: o golpista entra em contato com os clientes ou partes, se passando pelo advogado contratado ou pelo respectivo escritório, e solicita transferências via Pix, alegando que o pagamento prévio de um valor é necessário para liberar um suposto crédito existente no processo. Essa abordagem acontece de várias formas, como invasão do WhatsApp (mesmo número do advogado ou do escritório), clonagem do WhatsApp do advogado ou do escritório (com a utilização de foto e logotipo), uso de números diferentes ou aleatórios.

E foi isso que aconteceu com pelo menos seis clientes do advogado Felipe Salomão, de Belo Horizonte. Eles receberam a mensagem, mas felizmente perceberam logo que tinha algo errado nas mensagens. “A primeira atitude deles foi me ligar, ao me ligar constataram que era golpe”, conta.
Ele alerta que os golpistas usam de diversos artifícios para passar credibilidade, inclusive enviar cópias do processo. “Nessa tentativa, eles informam a pessoa que o processo foi julgado procedente, que a pessoa ganhou uma indenização até alta, mas para que ela receba o valor, é necessário pagar uma certa taxa ao Poder Judiciário. Caso contrário, ela irá receber a indenização dela com abatimento de 27% de imposto de renda”, conta. “Na ânsia de receber o dinheiro, a pessoa acaba caindo no golpe”.
O advogado reforça que em nenhum processo há exigência de pagamentos para liberar valores. “Em hipótese alguma, envie Pix ou pagamento de supostas taxas. Lembrando que em indenizações cíveis não existe imposto de renda, muito menos taxas para liberação de valor. O cliente tem que estar muito ciente de que não existe nenhuma taxação ou nenhuma imposição de imposto para que ele receba eventuais valores na Justiça”, frisa.
Recebeu mensagem do golpista? Saiba o que fazer
A primeira ação de quem recebeu mensagens desse tipo e suspeita de fraude deve ser ligar para o advogado, usando o número com o qual ele já se comunicava anteriormente. Se não conseguir falar com ele, a pessoa não deve fazer nada até que consiga confirmar o golpe. “Não dê continuidade na conversa, se for o caso, vá até o fórum, ou mesmo procure a polícia, e por fim, pode se dirigir até a OAB da cidade e confirmar a informação”, orienta Felipe.
A OAB-SP dá outras orientações adicionais:
- Tire prints da tela da conversa, de forma que apareça o número do celular do golpista
- Salve toda conversa
- Se caiu no golpe e enviou algum valor, salve o comprovante do pagamento
- Faça um Boletim de Ocorrência
A OAB também orienta na cartilha sobre o que os advogados precisam fazer caso seus clientes tenham sido vítimas do mesmo golpe, como registrar um B.O.
Fonte: Jornal O Tempo