Como evitar 10 doenças que atrapalham o dia a dia de idosos

"Sei o impacto que o exercício tem. Quando fico muito tempo sem me exercitar, sinto dificuldades", Rosângela Maria, dona de casa | Foto: Kadidja Fernandes/AT

Ainda que não seja possível parar o tempo, o envelhecimento não precisa ser sinônimo de limitações. Doenças como diabetes, artrite, osteoporose, hipertensão e dislipidemia (elevação do colesterol ruim) podem ser evitadas, segundo especialistas, desde que bons hábitos de vida sejam adotados.

Uma das doenças mais temidas, comum do envelhecimento, é o Alzheimer. Ainda que sua causa não seja totalmente esclarecida, um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e publicado na revista The Lancet Global Health revelou que 54% dos casos de demência na América Latina são atribuíveis a fatores de risco modificáveis, um índice acima da média mundial de 40%.

Entre esses fatores estão: baixa educação, perda auditiva, hipertensão, obesidade, tabagismo, depressão, isolamento social, inatividade física, diabetes, consumo excessivo de álcool, poluição do ar e lesão cerebral traumática.

A prevenção de Alzheimer, de acordo com a geriatra e presidente da Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Espírito Santo (SBGG-ES), Daniela Barbieri, tem alguns pilares importantes, como estocar (fazer a chamada reserva cognitiva) e minimizar perdas ao longo da vida.

“Em termos individuais, precisamos estudar e aprender coisas novas sempre. Cuidar do corpo com alimentação saudável e exercícios regulares, mantendo o peso adequado e bom controle da pressão, da glicose e do colesterol” , destaca.

A médica chama a atenção ainda para a perda auditiva, um dos fatores de risco para o Alzheimer. “Quem apresenta limitação auditiva precisa ser avaliado e fazer uso da prótese, quando indicado. O estímulo cerebral da audição é muito importante, além de proporcionar melhor relação com as pessoas e o ambiente ao redor, minimizando também o isolamento social”.

Quanto às doenças crônicas que podem afetar a mobilidade, como artrite, artrose e osteoporose, a reumatologista Laiza Hombre explica que a prevenção, com bons hábitos de alimentação e exercício físico devem ser seguidos por toda a vida. “Dessa forma, teremos uma “poupança” de músculos e ossos fortes após os 60 anos que farão toda diferença”.

“Mas nunca é tarde para começar. Mesmo na terceira idade, há ganho de qualidade óssea e muscular quando é iniciado exercício resistido (aquele que em fazemos força), musculação, por exemplo. Isso reduz dor, risco de quedas e fraturas”, destaca.


Controle da artrose com atividade física

A dona de casa Rosângela Maria Godoi da Silveira (capa), de 66 anos, tem artrose no joelho e coluna, mas faz o controle da doença com atividade física. Uma das recomendações de sua médica é fazer alongamento, que ela realiza acompanhada do personal Marcelo Andrade. “Venho de uma família com muitos problemas de artrose e artrite. A minha mãe era ‘tortinha’ devido à artrite e minha avó ficou entrevada logo cedo. Por causa disso, comecei a me cuidar logo”, contou.

“Sei o impacto que o exercício tem, porque eu agacho, levanto e sei que é por causa do exercício físico que eu faço. Quando fico muito tempo sem me exercitar, sinto dificuldades. Além disso, me alimento bem e faço suplementação alimentar, que também me ajuda muito no controle da doença”, explicou a dona de casa.

ENFERMIDADES

1 – Problemas renais
Os rins dos idosos são frequentemente afetados por diabetes descontrolada, obesidade e hipertensão, condições que causam danos progressivos e permanentes. Além disso, o envelhecimento natural também afeta a função renal. Por isso, pessoas acima de 60 anos devem fazer acompanhamento médico regular para prevenir complicações.

Para prevenir problemas renais deve-se beber água diariamente, evitar o sal em excesso, fazer exames preventivos de urina e creatinina, não fumar, prevenir hipertensão, diabetes e obesidade e ter uma alimentação equilibrada.

2 – Alzheimer
Segundo a geriatra Daniela Barbieri, a prevenção de Alzheimer tem alguns pilares importantes, como estocar (fazer a chamada reserva cognitiva) e minimizar perdas ao longo da vida. Quase metade dos casos da doença poderiam ser evitados no Brasil com a redução de fatores potencialmente modificáveis.

Eles são: baixa escolaridade, hipertensão arterial, déficit auditivo (sem devido uso de prótese), obesidade, sedentarismo, depressão, abuso de álcool, diabetes, tabagismo, poluição do ar, traumatismo cranioencefálico e isolamento social.

3 – Diabetes
O Diabetes na terceira idade seria o chamado diabetes tipo 2. Ele é consequente à resistência da ação do hormônio insulina ou sua secreção em menor quantidade. História familiar de diabetes tipo 2 também é um fator importante para essa progressão.

A endocrinologista Priscila Pessanha explica que ao chegar à terceira idade com o hábito de uma vida de atividade física e boas escolhas na alimentação, com controle do peso e da gordura visceral, pode-se evitar o diabetes tipo 2, ainda que exista o fator hereditariedade envolvido. Mas se os hábitos de vida foram ruins, e a pessoa chega na terceira idade com obesidade, gordura visceral aumentada, esses seriam fatores de risco importantíssimos para abrir o quadro de diabetes tipo 2.

4 – Osteoporose
Consiste na perda progressiva de massa óssea, que torna os ossos enfraquecidos. Algumas das medidas que ajudam a prevenir a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, são:

Exponha-se ao sol da manhã regularmente, não fume, evite o consumo de café e bebidas alcoólicas, exercite-se, principalmente através de caminhadas e exercícios que requeiram força muscular; tenha uma alimentação rica em cálcio e vitamina D. O leite e seus derivados são as melhores fontes, sendo que o ideal é ingerir de 800 a 1.200 mg/cálcio por dia.

A reumatologista Laiza Hombre Dias reforça que o leite de vaca e derivados são a principal fonte de cálcio, fundamental na prevenção e tratamento da osteoporose. “Nos últimos anos temos recebido muitas informações falsas sobre o leite ser inflamatório”, destaca.

5 – Artrite e artrose
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que pode afetar várias articulações. Já a artrose é uma doença que se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas.

A reumatologista Laiza Hombre explica que as causas dessas doenças são várias, mas pode-se resumir em causas genéticas e ambientais. É importante ter um estilo de vida que elimina ou diminui muito as condições que predispõe essas doenças. Evitar alimentos ultraprocessados ricos em gordura e açúcar reduz o risco de artrite, artrose e osteoporose.

Atividade física, com objetivo de fortalecer os músculos e ossos, além de reduzir o risco dessas doenças, também reduz outros problemas comuns na terceira idade.

6 – Parkinson
É uma doença neurológica que afeta os movimentos da pessoa e provoca tremores. É caracterizada pela degeneração progressiva das células nervosas (neurônios) responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor importante na coordenação dos movimentos. Sua causa permanece desconhecida, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais.

A prevenção, de forma geral, é feita por meio de atividade física, alimentação equilibrada, boa noite de sono e evitar o tabagismo.

7 – Hipertensão arterial e dislipidemia
A alimentação é fundamental para evitar hipertensão arterial e dislipidemia, que é o aumento do colesterol ruim, segundo explicou a geriatra Yara Nippes. Mas é preciso incluir junto à alimentação, a prática regular de atividade física, o bom controle do estresse, além de uma boa noite de sono e fim do tabagismo.

8 – Catarata
O surgimento da catarata é do envelhecimento natural, conforme explica o oftalmologista Marcos Andião. Os estudos mostram que, a partir de 52 anos, há os primeiros sinais de catarata.

Mas doenças como diabetes, doenças reumatológicas, autoimunes e o uso de alguns medicamentos, como corticoide, podem fazer com que o problema surja precocemente. Algumas medidas podem retardar seu aparecimento, como uso de óculos escuros com proteção ultravioleta e consultas de rotina com oftalmologista.

9 – Doenças respiratórias
Para prevenir doenças respiratórias em idosos, deve-se manter a vacinação em dia, incluindo as imunizações de gripe, covid e pneumocócicas. Também deve-se evitar, fumar, ficar em locais fechados e aglomerados. Hidratação e alimentação equilibrada são fundamentais.

10 – Depressão
Deve-se evitar o isolamento social. O convívio em uma rede social adequada ao perfil de personalidade do idosos é eficaz contra a depressão. Bem como praticar exercícios físicos e atividades que estimulem a intelectualidade, como aprender um instrumento e novas línguas.

Fonte: Tribuna Online

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