O Instituto Butantan prevê iniciar um estudo para avaliar se sua vacina contra a dengue, a Butantan-DV, pode ser aplicada em pessoas com 60 anos ou mais, no segundo semestre deste ano.
A informação foi divulgada pelo diretor da instituição, Esper Kallás, durante evento do governo estadual para abertura do Centro de Operações de Emergências (COE) contra o Aedes Aegypti, nesta quinta-feira, 23.
Em dezembro, o Butantan enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a última leva de documentos necessários para a solicitação do registro do imunizante. Por ora, o pedido prevê aplicar a vacina em pessoas de 2 a 59 anos.
Os dados da fase 3 do estudo da vacina de dose única do instituto foram publicados na revista científica The Lancet Infectious Diseases em agosto. Foram acompanhados mais de 16 mil pacientes de 2 a 59 anos durante um período de 2 a 5 anos (média de 3,7 anos).
O grupo etário já é mais amplo do que o da única vacina aprovada para uso no País — a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, tem indicação de uso em pacientes de 4 a 60 anos —, mas ainda exclui os idosos, considerados mais vulneráveis ao agravamento da doença. Para se ter uma ideia, seis em cada dez (cerca de 64%) mortes por dengue no ano passado, quando o Brasil registrou mais de 6,6 mil vítimas, foram de pessoas com 60 anos ou mais, segundo dados do Ministério da Saúde.
Questionado sobre por que os estudos com idosos não iniciaram antes, Kallás afirmou que os pesquisadores estavam aguardando os dados de eficácia ficarem prontos, consolidados, e fecharem o pacote. Segundo ele, o instituto trabalha no desenho do estudo, que deve envolver cerca de 700 pacientes, desde o ano passado. A faixa etária prevista vai de 60 a 80 anos, informou.
“A ideia é imunizar um grupo, algumas centenas de pessoas nessa faixa etária. A gente ainda vai ter que ter um pequeno braço de pessoas que vão receber placebo para ser comparador”, disse.
A proposta é que o estudo tenha um período de duração mais curto. Os objetivos serão avaliar a imunogenicidade (a presença dos anticorpos induzidos) e, sobretudo, a segurança. As doses a serem usadas, segundo Kallás, serão retiradas do quantitativo já em produção pelo Butantan — mesmo sem o aval da Anvisa, o instituto iniciou a fabricação da Butantan-DV. A expectativa é produzir 1 milhão de doses até o fim do ano.
Fonte: Estadão