Vereadores da Câmara de Cuiabá “condenaram” a fala do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que ironizou a gratuidade no estacionamento rotativo para idosos durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades no contrato do sistema. Ele defendeu o fim da isenção do sistema rotativo para pessoas com mais de 60 anos, afirmando que há “idosos de Mustang e Ferrari” na cidade, o que gerou indignação.
“Eu dei passe livre para idoso que anda de ônibus. Agora não posso dar passe livre que anda de carro. Se o idoso chega lá com um Maverick, Mustang, Ferrari, ele não vai pagar? Tem que pagar sim. Não tem jantar de graça”, declarou Emanuel.
Além do argumento, Emanuel alegou que o município teria que arcar com o custo da gratuidade oferecida para a categoria.
Diante das falas, a vereadora Maysa Leão (Republicanos) afirmou que o ex-gestor foi debochado e desrespeitoso. “Achei extremamente debochado da parte do ex-prefeito Emanuel Pinheiro dizer que os idosos de Mustang precisam pagar o estacionamento. Essa não é a realidade da maioria dos idosos de Cuiabá, que vivem de aposentadorias, têm dificuldades, gastam com remédios e vivem de forma básica. Precisamos ser realistas, e ele foi desrespeitoso”, afirmou.
Já a vereadora Michelly Alencar (União Brasil) criticou o comportamento do ex-prefeito e disse que Emanuel está desconectado da realidade da população cuiabana. “Foi uma atuação. Chegou aqui como se fosse uma estrela de cinema e Cuiabá fosse apenas um palco para ele atuar. É muito triste. Ele foge da realidade quando diz que vai deixar um belo filho para Cuiabá. Eu não sei em que mundo ele vive. Inclusive, queria saber onde está essa cidade da cabeça dele onde idosos andam de Mustang e Ferrari”, disse.
O relator da CPI, vereador Dilemário Alencar (União Brasil), também lamentou a postura do ex-prefeito. “Ele agiu de forma descarada, de forma maldosa, para retirar a gratuidade do idoso e da pessoa com deficiência. Nós aprovamos uma lei aqui. Os idosos, as pessoas com deficiência, estavam tendo gratuidade”, disse.
Lei derrubada
A polêmica em torno da isenção para idosos e pessoas com deficiência começou em junho do ano passado, quando a Câmara Municipal aprovou uma lei de autoria do vereador Adevair Cabral (Solidariedade), garantindo gratuidade no Sistema Verde – nome do estacionamento rotativo digital de Cuiabá – para esses grupos.
No entanto, Emanuel Pinheiro, ainda na condição de prefeito, ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), argumentando que a Câmara não tem competência para legislar sobre temas que impactam a arrecadação e organização do Executivo. O TJMT acatou os argumentos e declarou a lei inconstitucional, decisão amparada também por jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com isso, a gratuidade foi anulada, o que gerou revolta entre parlamentares e parte da população. As críticas agora se intensificam com o tom irônico e a falta de sensibilidade atribuída ao ex-prefeito em suas declarações na CPI.
Fonte: Gazeta Digital