Em meio ao julgamento de Bolsonaro e outros sete réus no STF, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil republicou, nesta terça-feira, uma mensagem do subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado, Darren Beattie, prometendo “medidas cabíveis” contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Dia 7 de setembro marcou o 203º Dia da Independência do Brasil. Foi um lembrete do nosso compromisso de apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores de liberdade e justiça. Para o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas liberdades fundamentais – continuaremos a tomar as medidas cabíveis”, escreveu a embaixada, em resposta ao tuíte de Beattie, no X (antigo Twitter).

A publicação de Beattie, que foi reforçada pelo perfil oficial da embaixada norte-Americana no Brasil, dizia que o governo americano continuará a tomar “medidas cabíveis” contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e “indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado” liberdades fundamentais.
A manifestação ocorre no mesmo momento em que Moraes conduz seu voto no julgamento dos réus acusados de tentativa de golpe de Estado. O ministro, relator da ação, destacou a ligação do ex-presidente com os atos golpistas, apontando-o como líder de uma organização criminosa.
Na apresentação, Moraes citou desde a utilização de órgãos públicos como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o monitoramento de adversários políticos e executar a estratégia de ataques contra o Poder Judiciário e ao sistema eleitoral até eventos públicos do governo Bolsonaro, como a live de ataque às urnas eletrônicas, a reunião com embaixadores e a manifestação de 7 de setembro em 2021, além dos atos golpistas praticados após o segundo turno das eleições de 2022, como a utilização da estrutura da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Ao comentar as anotações de Alexandre Ramagem sobre questionamentos às urnas eletrônicas dirigidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Moraes fez uma comparação que repercutiu de imediato:
“Isso não é uma mensagem de um delinquente do PCC para outro. Isso é uma mensagem do diretor da Abin para o então Presidente da República.”
A declaração foi reproduzida inúmeras vezes no X (antigo Twitter), onde também ganhou força outra ironia do ministro. Ao se referir ao caderno encontrado com Ramagem, com anotações sobre supostas fraudes no sistema eleitoral, Moraes disparou: “Meu querido diário”, provocando risadas no plenário da Primeira Turma do STF.
O relator destacou que não era plausível que registros golpistas fossem escritos na terceira pessoa e usados depois em transmissões oficiais do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para Moraes, o material configurava comunicação direta com o então chefe do Executivo.
Fonte: O Globo