O número de municípios de Mato Grosso em estado de seca extrema em agosto deve crescer mais de 200% no mês de setembro. É o que prevê o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A previsão foi divulgada nesta quinta-feira (05.09).
Em agosto, 24 municípios enfrentaram seca extrema, 94 estavam em seca severa, e 23 em seca moderada, totalizando todos os 141 municípios do estado afetados por algum nível de seca. Destes, 86 municípios tiveram mais de 80% de suas áreas agroprodutivas comprometidas. Para setembro, a previsão é de que 78 municípios estejam em seca extrema e 68 em seca severa, sem registros de seca moderada.
Entre os municípios mais afetados em agosto estão Alto Araguaia, Apiacás, Aripuanã, Brasnorte, Carlinda, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Curvelândia, Itaúba, Juruena, Vila Bela da Santíssima Trindade, Nova Bandeirantes, Novo Mundo, Novo Horizonte do Norte, Pontes e Lacerda, Porto dos Gaúchos, Porto Esperidião, Porto Estrela, Santo Afonso, Rondolândia, Vera, Nova Marilândia e Nova Maringá.
De acordo com o Cemaden, esta é a pior seca enfrentada pelo Brasil em 70 anos, com dados avaliados desde 1950. O fenômeno foi medido com o Índice de Precipitação Padronizado de Evapotranspiração, que considera a quantidade de chuva e a perda de água por evaporação e transpiração das plantas.
Causas da seca recorde
A seca começou a se intensificar entre maio e agosto de 2024, mas o monitoramento aponta que seus primeiros sinais surgiram ainda no segundo semestre de 2023. Entre os principais fatores estão a estação chuvosa deficitária no centro-norte do país, resultado do fenômeno El Niño, que reduziu as precipitações e impediu a reposição adequada da umidade do solo e dos aquíferos, além de manter os níveis dos rios abaixo do esperado.
A atual estação seca também começou de forma antecipada, em abril, causando perda de umidade do solo e vegetação de forma precoce e progressiva. Muitas regiões não registraram chuvas desde maio, o que intensifica a seca e favorece incêndios de grandes proporções.
Além disso, fatores de longo prazo, como as mudanças climáticas e a alteração no uso do solo, agravam a situação. O aquecimento da atmosfera e a substituição de áreas florestais por pastagens ou agricultura reduzem a umidade do solo e do ar, diminuindo as precipitações.
Fonte: PNB online