A parcela de mulheres identificadas como responsáveis pelos lares aumentou no Brasil, chegando a quase metade do total. É o que indicam novos dados do Censo Demográfico divulgados nesta sexta (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Considerando o número de responsáveis pelas unidades domésticas (domicílios particulares) no país, a participação das mulheres avançou de 38,7% em 2010 para 49,1% em 2022 –o dado mais recente equivale a cerca de 35,6 milhões de brasileiras.
Em igual período, a parcela masculina entre os responsáveis pelos domicílios caiu de 61,3% para 50,9% (36,9 milhões).
O IBGE afirmou que os dados mostram uma “mudança importante”, já que o percentual de homens responsáveis pelos lares era “substancialmente maior” do que o de mulheres em 2010.
Marcio Minamiguchi, gerente de projeções e estimativas populacionais do instituto, atribuiu os resultados a fatores como transformações culturais na sociedade e maior inserção feminina no mercado de trabalho, ainda que as desigualdades de emprego e renda persistam no Brasil.
“Culturalmente, quando tinha um casal, era quase imediata a identificação do homem como responsável, e essas coisas vão mudando de certa forma ao longo do tempo”, afirmou o pesquisador do IBGE.
“Existe também uma independência econômica maior das mulheres, uma presença no mercado de trabalho, em atividades econômicas, em termos de renda. Isso contribui para a questão de identificação”, acrescentou o técnico em apresentação a jornalistas.
No Censo, a pessoa identificada como responsável pelo domicílio é aquela de 12 anos ou mais que é reconhecida como tal pelos moradores. O IBGE evita usar a expressão “chefe de família”.
Considerando a população total de 12 anos ou mais no Brasil (171,2 milhões), as mulheres são maioria (51,9%). Elas, porém, seguem com uma parcela menor entre os responsáveis pelos lares no país.
De acordo com o IBGE, o percentual de mulheres responsáveis pelas unidades domésticas foi maior do que 50% em dez estados em 2022.
São os casos de Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas (51,7%), Paraíba (51,7%), Bahia (51%) e Piauí (50,4%).
Os dois menores percentuais, por outro lado, foram encontrados em Rondônia (44,3%) e Santa Catarina (44,6%). São os únicos locais com participação feminina abaixo de 45%.
O IBGE também destacou que, no Brasil, 29% dos domicílios com mulheres como responsáveis tinham presença de filhos e ausência de cônjuge.
Trata-se de um percentual bem acima do registrado em lares comandados por homens (4,4%). “É um indicativo de monoparentalidade bem mais presente entre as mulheres”, disse Minamiguchi.
“No caso de separação de um casal, em geral, o filho fica com a mãe”, disse. “Ou mesmo no caso de mulheres com filhos sem ter tido um casamento ou uma relação conjugal com alguém.”
Apesar de a disparidade se manter nesse quesito, considerando os domicílios que tinham mulheres responsáveis, o percentual de lares com a presença de filhos e a ausência de cônjuge em 2022 (29%) recuou ante 2010 (36,9%).
Pardos ganham espaço
Outro destaque dos dados, segundo o IBGE, diz respeito à população parda. Em 2022, pela primeira vez um Censo mostrou a proporção de pardos (43,8%) superando a de brancos (43,5%) entre os responsáveis pelas unidades domésticas. Em 2010, as parcelas eram de 40% e 49,4% respectivamente.
O avanço, conforme o instituto, está associado a um grupo maior de pessoas que se autodeclararam pardas em 2022, algo que já havia sido apontado em divulgação anterior do Censo para a população como um todo.
Fonte: Folha de S. Paulo