Nesta sexta-feira (1º), as refinarias pelo País começam a produzir a nova gasolina E30 com maior percentual de etanol na mistura. O combustível chegará às bombas dos postos de abastecimento a partir da próxima semana, logo que terminarem os estoques da produção de julho na fórmula anterior, com até 27,5% de etanol. A mudança promete baixar o preço do litro em cerca de R$ 0,11, conforme projeção do Ministério de Minas e Energia.
No fim de junho, o Jornal do Carro detalhou as mudanças no combustível. A nova gasolina E30 foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) – com aval do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e sob o comando do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira – mediante testes feitos em laboratório com diferentes veículos.
A validação técnica era necessária para garantir que não haverá prejuízos com a mudança. Os testes da nova gasolina E30 foram feitos no início do ano no laboratório de motores e veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (SP). Lá foram testados 15 veículos de diferentes anos, entre eles modelos antigos e todos com motores somente a gasolina.
Em uma das simulações, o estudo verificou o comportamento dos motores durante a partida a frio. Segundo Renato Romio, chefe do laboratório do IMT, os motores abastecidos com a gasolina E30 não apresentaram defeitos nem impacto significativo no consumo.
Como é a nova gasolina E30
A nova Lei do Combustível do Futuro foi sancionada em outubro de 2024 pelo presidente Lula. A principal mudança é o aumento do teor de etanol anidro na gasolina. O percentual do derivado da cana-de-açúcar na gasolina comum era de até 27,5%, onde 18% era o valor mínimo.
Com a mudança, o mínimo de etanol na mistura passa a ser de 22%, com limite de 35%. Porém, de início, o aumento será de 30%, conforme aprovado pelo MME em dezembro.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a transição evitará a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano. E vai gerar um aumento de 1,5 bilhão de litros na demanda por etanol, com um investimento estimado em R$ 9 bilhões no setor. Assim, vai impulsionar a produção nacional do derivado da cana e pode até tornar o Brasil independente da importação de gasolina.
Carros podem perder autonomia total
Ao Jornal do Carro, o diretor de combustíveis da Associação Brasileira Engenharia Automotiva (AEA), Rogério Gonçalves, explica que os ensaios com a nova gasolina E30 avaliaram diferentes aspectos. “São três categorias: dirigibilidade, onde foram testados os efeitos no automóvel, como a partida a frio e a condução do veículo; compatibilidade de materiais, onde se mediu a corrosão e a resposta de materiais elastoméricos, injeção e afins; e, claro, as emissões totais“.
Mas, apesar de os testes não terem acusado um revés, a mudança no combustível terá algum impacto. Por exemplo, o aumento do etanol na mistura vai resultar em uma queima mais limpa no escape, mas deve afetar o consumo dos veículos. “Com a adição de 3% [de etanol] na mistura, o motorista pode sentir diferença na autonomia total, que pode baixar”, explicou Gonçalves.
O diretor da AEA alerta ainda para o impacto nos veículos importados. “Esses modelos podem levar mais tempo até estarem aptos a rodar com a nova gasolina”, pontua o especialista.
Fonte: Estadão