O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na manhã desta sexta-feira, 20, que o pacote de corte de gastos encaminhado ao Congresso é a “primeira leva” de medidas do ajuste fiscal. Ele afirmou que as alterações feitas pelo Congresso terão impacto negativo de cerca de R$ 1 bilhão em dois anos, na comparação com a economia de R$ 71,9 bilhões prevista inicialmente pela pasta.
Segundo Haddad, o pacote é resultado de um consenso que existe hoje entre Executivo e Legislativo e, na sua visão, não faria sentido esperar outras medidas amadurecerem internamente para que fosse encaminhado algo mais robusto ao Congresso.
“Estamos chegando ao final do ano. Ou eu mandava agora para aprovar uma primeira leva de ajustes ou eu ia deixar um pacote mais robusto para o ano que vem, o que ia gerar mais incerteza, não menos. Não vou mandar agora porque não está robusto o suficiente? Ia ser uma banho de água fria, ia ser o contrário do que as pessoas estão dizendo”, disse em café da manhã com jornalistas.
O ministro admitiu, contudo, que “lutou por mais” medidas, mas que existe um trabalho de convencimento dentro do governo.
Ele indicou que a opção de esperar até março para amadurecer outras ideias e encaminhar tudo ao mesmo tempo poderia ter um efeito pior sobre as expectativas dos agentes econômicos.]
“É melhor já submeter ao Congresso Nacional aquilo que, de alguma maneira, está pacificado entre o Executivo, os ministérios, entre o próprio Legislativo, os deputados e senadores da base, do que esperar até março para ter uma coisa mais robusta, mais vistosa”, disse.
Segundo ele, o Ministério da Fazenda já refez as contas sobre o impacto das alterações feitas pelo Congresso nos dois projetos de lei e na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote. Segundo ele, o efeito será uma perda de R$ 1 bilhão em dois anos. Inicialmente, a pasta estimava uma economia de R$ 71,9 bilhões até 2026.
“A conta já está feita. Não foi divulgada ainda porque está em aprovação no Senado. Mas estimamos algo em torno de R$ 1 bilhão (de perdas) em dois anos”, afirmou.
Juros
Questionado sobre os efeitos que o aumento da taxa básica de juros (Selic) possa ter sobre o nível de atividade nos próximos meses, ele descartou que o governo possa fazer algum tipo de estímulo parafiscal, mas disse que já há expectativa de desaceleração, pelas próprias projeções do Ministério da Fazenda.
“Não pretendo fazer nenhuma política de estímulo fiscal, não está na nossa ordem de considerações. Acredito que esse ciclo de alta dos juros vai fazer um efeito muito rápido na economia. A nossa projeção de crescimento do ano que vem é 2,5%, está no Orçamento, já é 1 ponto (porcentual) abaixo deste ano. A desaceleração já estava mais ou menos contratada pelo próprio governo”, afirmou.
Fonte: Estadão