Apesar de a renda média da população ocupada ter mostrado avanços consideráveis em 2024, as desigualdades salariais entre homens e mulheres e entre pessoas brancas e pretas ou pardas persistem no Brasil. Em cargos de liderança, como direção e gerência, que geralmente contam com maiores salários, a diferença entre os rendimentos chega a ser até maior que em outros grupos ocupacionais.
Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2025, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira.
Em 2024, a renda média de trabalhadores brancos foi de 65,9% maior — mais que o dobro — da recebida por pessoas pretas ou pardas, considerando o rendimento de todos os trabalhos. A desigualdade de gênero também é expressiva, já que homens receberam, em média, 27,2% a mais do que as mulheres.
A diferença se aprofunda quando a análise considera o rendimento por hora e nível de instrução. Em todos os níveis de instrução, brancos ganhavam mais que pretos ou pardos, com destaque para o ensino superior completo: R$ 43,20 por hora contra R$ 29,90, uma distância de 44,6%. No rendimento médio total, a vantagem dos brancos foi de 64%.
O mesmo ocorre na comparação de gênero. O rendimento-hora dos homens chegou a R$ 20,40, valor 14,5% maior que o das mulheres (R$ 17,80). Entre trabalhadores com nível superior completo, essa diferença atingiu 45,3% em favor dos homens.
Nos grandes grupos ocupacionais, uma das maiores desigualdades salariais entre brancos e pretos ou pardos aparece no segmento de diretores e gerentes. Nesse grupo, a diferença em valores absolutos chega a R$ 3.385: trabalhadores brancos recebem, em média, R$ 9.831, enquanto pretos ou pardos têm rendimento médio de R$ 6.446.

Entre profissionais das ciências e intelectuais a diferença também é grande: R$ 7.412 contra R$ 5.192.
Os mesmos grupos também aparecem com as maiores diferenças salariais entre mulheres e homens. Entre diretores e gerentes, eles recebem uma média de R$ 10.073 enquanto elas ficam com R$ 6.776. Já entre profissionais das ciências e intelectuais os valores são R$ 8.291 contra R$ 5.378.
A distribuição da força de trabalho reforça essas desigualdades de gênero. Entre os homens, o grupo mais numeroso é o de trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e de outros ofícios, que reúne 11,4 milhões de ocupados (19,9% do total masculino).
Já entre as mulheres, predominam trabalhadoras dos serviços, vendedoras do comércio e dos mercados, totalizando 13,1 milhões (29,8% do total feminino).
As diferenças por raça também são marcantes na composição da força de trabalho. No grupo de profissionais das ciências e intelectuais, estavam 17,7% dos trabalhadores brancos (7,7 milhões), ante 8,6% dos pretos ou pardos (4,9 milhões).
Em sentido inverso, nas ocupações elementares, 10,9% dos brancos (4,8 milhões) e 20,3% dos pretos ou pardos (11,4 milhões) estavam alocados nessas funções.
Fonte: O Globo


