Quem tem um cachorro em casa sabe: não existe dia ruim que resista ao olhar carinhoso e ao rabo abanando na porta. Essa recepção calorosa, aparentemente simples, tem um impacto muito maior do que imaginamos. Diversos estudos já mostraram que os pets, especialmente os cães, exercem uma influência profunda sobre a saúde física e emocional de seus donos. Muito mais do que companheiros fiéis, pra mim, eles são quase que um filtro de energia, capazes de mudar meu humor em segundos.
Não é só comigo que acontece essa mágica. Para aliviar a ansiedade e o estresse, a convivência com um cachorro faz diferença. O simples ato de acariciar o animal já é suficiente para reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e aumentar a liberação de endorfinas, ligadas à sensação de prazer e relaxamento. Em outras palavras: brincar com um cachorro pode ser mais eficaz para aliviar a tensão do que muitas estratégias sofisticadas de bem-estar.
Mas, também são ótimos em nos fazer levantar do sofá, quase sem perceber e sem nenhuma má vontade. De verdade, os benefícios que temos devido ao estímulo natural à atividade são reais. Quem tem cachorro precisa sair para passear, brincar, se movimentar. Mesmo pessoas que nunca tiveram o hábito de se exercitar acabam caminhando diariamente, jogando bolinha, correndo pelo parque. Esse gasto energético regular ajuda no controle do peso, melhora a saúde cardiovascular e reduz o risco de doenças crônicas. Não é exagero dizer que muitos tutores se tornam mais ativos por causa dos seus cães.
A relação também favorece a socialização. Quem passeia com seu pet sabe: sempre surgem conversas rápidas na rua, no parque, no elevador. Os cães aproximam as pessoas, criam pontes de diálogo, diminuem a solidão. Para idosos, esse vínculo social é particularmente importante, funcionando como proteção contra o isolamento. Já para crianças, o contato com animais estimula responsabilidade, empatia e sensibilidade.
E há ainda os efeitos sobre o coração — em todos os sentidos. Pesquisas indicam que donos de cães apresentam pressão arterial mais baixa e menor incidência de infarto e AVC. O vínculo emocional estabelecido com o animal também ajuda a combater a depressão e a melhorar quadros de tristeza profunda. Não por acaso, os cães são cada vez mais utilizados em terapias assistidas, hospitais e instituições de acolhimento, levando conforto a quem mais precisa.
Outro aspecto curioso é a rotina. Cães precisam de horários para alimentação, passeios, cuidados básicos. Isso organiza a vida dos tutores, cria uma disciplina saudável e gera sensação de propósito. Ter alguém — mesmo de quatro patas — que depende de você é um estímulo poderoso para sair da cama, enfrentar o dia e manter uma rotina ativa.
Claro que ter um cachorro também exige responsabilidades: vacinas em dia, alimentação adequada, atenção veterinária, tempo para brincar e interagir. Mas, quando essa relação é construída com cuidado, o retorno é imensurável. O que se ganha em companhia, em afeto e em saúde é infinitamente maior do que qualquer esforço.
Por isso, quando falamos em hábitos de vida saudáveis, muitas vezes pensamos apenas em alimentação e atividade física. Mas vale ampliar esse olhar. Um cachorro em casa pode ser tão benéfico quanto uma caminhada diária ou uma dieta equilibrada. Ele não substitui nenhum desses pilares, é verdade, mas os complementa de forma única: trazendo movimento, alegria e vínculo emocional.
Com tantos superpoderes, ainda há um detalhe simples que explica a força desse laço: o amor incondicional. O cachorro não cobra, não julga, não guarda mágoas. Ele oferece presença, lealdade e carinho constantes. Não à toa, os cães já viraram são super-heróis em quadrinhos e filmes. E eu amo os meus heróis!
Fonte: O Globo
