Propaganda SkyImob

Agência da OMS associa consumo de álcool a maior risco para um novo tipo de câncer; saiba qual

Consumo de álcool causa câncer. — Foto: Freepik/Myron Muza

Um consórcio internacional de cientistas liderados pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês), braço de pesquisa oncológica da Organização Mundial da Saúde (OMS), encontrou uma ligação entre o consumo de álcool e um risco aumentado para um novo tipo de câncer, o de pâncreas.

“O consumo de álcool é um carcinógeno conhecido, mas até agora as evidências que o ligavam especificamente ao câncer de pâncreas eram consideradas inconclusivas. Nossos achados fornecem novas evidências de que o câncer de pâncreas pode ser mais um tipo de associado ao consumo de álcool, uma conexão que vinha sendo subestimada até agora”, diz Pietro Ferrari, chefe da divisão de Nutrição e Metabolismo da IARC e autor sênior do estudo, em nota.

O novo trabalho, publicado na revista científica PLOS Medicine, analisou dados de 30 coortes populacionais de países de quatro continentes: Ásia, Oceania, Europa e América do Norte. Ao todo, as coortes englobavam quase 2,5 milhões de participantes, que não tinham diagnóstico de câncer no início do acompanhamento.

Os voluntários foram recrutados entre 1980 e 2013, quando tinham, em média, 57 anos. Ao todo, eles foram acompanhados por cerca de 16 anos. Nesse período, 10.067 casos de câncer de pâncreas foram detectados.

Ao relacionar a incidência da doença com o consumo de álcool dos participantes, os pesquisadores observaram que cada aumento de 10 gramas de álcool por dia no consumo de álcool foi ligado a um aumento de 3% no risco do câncer. Uma dose com 10 gramas de álcool equivale a, em média, 250 ml de cerveja, 100 ml de vinho ou 30 ml de um destilado.

De forma mais específica, os pesquisadores constataram que, entre mulheres, uma ingestão de 15 a 30 gramas de álcool por dia foi ligada a um risco 12% maior de câncer de pâncreas, em comparação com aquelas que consumiam apenas até 5 gramas por dia. Entre os homens, um consumo de 30 a 60 gramas diários foi ligado a um risco 15% maior, e beber mais de 60 gramas foi associado a um risco 36% maior.

“O álcool costuma ser consumido junto com o tabaco, o que gerou dúvidas sobre se o tabagismo poderia confundir a relação. No entanto, nossa análise mostrou que a associação entre álcool e risco de câncer pancreático também foi observada entre não fumantes, indicando que o consumo de álcool, por si só, é um fator de risco independente para o câncer de pâncreas”, complementa Ferrari.

Os cientistas da IARC alertam ainda que a doença tem se tornado “um desafio importante de saúde pública” nos últimos anos. Embora seja apenas o 12º tipo mais comum no mundo, o câncer de pâncreas é geralmente diagnosticado tardiamente e tem uma alta letalidade, tendo sido responsável por 5% de todas as mortes oncológicas em 2022. Apesar dos avanços no tratamento oncológico, pouco progresso tem sido observado na melhora da sobrevida.

“Embora alguns fatores de risco já sejam estabelecidos, como o tabagismo, excesso de gordura corporal, pancreatite crônica e diabetes, as causas do câncer de pâncreas ainda são pouco compreendidas. Este estudo traz novas e importantes contribuições sobre o papel do álcool no desenvolvimento da doença”, diz Ferrari.

“Mais pesquisas são necessárias para entender melhor o impacto do consumo de álcool ao longo da vida — por exemplo, durante a juventude — e a influência de padrões específicos de consumo, como o consumo excessivo episódico (binge drinking)”, finaliza.

Fonte O Globo

WhatsApp
Telegram
Facebook
X

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress