Aposentadoria ativa: idosos empreendem para aumentar renda e propósito de vida

Para complementar a renda ou sair do endividamento, os idosos aposentados têm buscado, cada vez mais, alternativas para aumentar a verba mensal. Não ficar parado e dar um sentido à vida também é um dos motivos que levam os idosos a empreender. 

No último indicador de inadimplência realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), foi revelado que quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados em dezembro de 2024 (41,51%). 

Apesar do número de devedores com participação mais expressiva em dezembro estar na faixa etária de 30 a 39 anos (23,64%), o número da participação entre idosos chamou a atenção do gerente do Instituto de Longevidade MAG, Antônio Leitão. Segundo os dados, 11,71% dos inadimplentes têm entre 65 e 84 anos e 1,94% têm 85 anos ou mais. Juntos, os maiores de 65 anos somam 13,65% dos endividados.

Segundo Antônio Leitão, a população está vivendo mais e nem sempre o benefício é suficiente para lidar com as contas do cotidiano. Além disso, apesar da correção dos benefícios ter aumentado 4,77% no início deste ano, muitas aposentadorias ainda são inferiores à renda recebida pelos trabalhadores em sua vida ativa.

“Isso ocorre porque o valor do benefício não reflete integralmente os salários anteriores de muitos brasileiros, especialmente aqueles que contribuíram por períodos curtos ou os que receberam salários acima do teto do INSS durante a carreira”, explica. 

Com isso, tanto aqueles que conseguiram acumular patrimônio antes de se aposentar, ou os que não possuem, acabam precisando aumentar a renda, ressalta Leitão. 

“No primeiro caso, eles aumentando a renda, garantem mais tempo de duração do recurso acumulado. No segundo, a pessoa acaba tendo que continuar trabalhando, mesmo após começar a receber um benefício previdenciário, para manter o padrão de vida”, explica.

Empreendedorismo após a aposentadoria

A segunda situação citada pelo especialista é o caso da aposentada Marta Regina Silva Rocha, de 72 anos. Ela tocou um buffet por 40 anos e na pandemia decidiu se aposentar. Fechou a loja física e acabou com a realização de festas como casamentos e formaturas. Entretanto, apenas a renda da previdência não foi suficiente para manter seu padrão de vida, e ela optou por reabrir a empresa, mas num formato mais simples.

Marta Regina Silva Rocha
Marta Regina Silva Rocha | Foto: Diário do Comércio/ Juliana Sodré

“Trabalho agora em casa. Não consegui ficar à toa. Atendo clientes corporativos fazendo coffee break para as empresas e lanches especiais como Dia das Mães e comemorações de fim de ano para empresas específicas”, relara a aposentada.

Já Maria Helena Pereira, de 69 anos, se tornou confeiteira também após a aposentadoria. Pedagoga por mais de 40 anos na Prefeitura de Belo Horizonte, ela viu na cozinha a possibilidade de tornar o prazer em empreendimento. Vendendo doces e bolos confeitados, ela está à frente da Sublime Confeitaria.

Maria Helena Pereira
Maria Helena Pereira | Foto: Carla Queiroz

A aposentada conta que um atraso nas parcelas do IPTU acendeu o alerta e a vontade de aumentar a renda fazendo o que gosta. “Além de complementar minha renda, tenho prazer naquilo que faço e não fico mais parada”, diz.

E todos os cenários, conforme explica Leitão, sofrem ainda os impactos acentuados da inflação de itens cuja demanda por pessoas idosas é maior em comparação ao resto da população. “São serviços médicos, de cuidados ou medicamentos, por exemplo”, pontua.

Especialista sugere alternativas para aumentar a renda

O gerente do Instituto de Longevidade MAG vê com bons olhos o interesse dos idosos em aumentar a renda e sugere algumas alternativas:

Ministrar aulas particulares

Antônio Leitão acredita que com a experiência acumulada ao longo da vida, muitos idosos têm habilidades que podem ser compartilhadas com outras pessoas, em áreas diversas e variadas.

“Oferecer aulas particulares de idiomas, música, culinária, artes ou até habilidades técnicas é uma excelente maneira de gerar renda enquanto se mantém ativo e engajado. Além disso, essa é uma ótima forma de socialização”, sugere.

Vender produtos on-line

Com a popularização da internet e o aumento da inclusão digital entre a população idosa, vender produtos on-line tornou-se uma opção acessível.

“Desde itens de artesanato até roupas e objetos usados, as plataformas de e-commerce oferecem uma oportunidade de expandir negócios pessoais ou revender produtos, com a comodidade de vender para qualquer lugar do Brasil”, diz.

Idosas trabalhando no computador
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Prestar consultoria

Se o idoso tem uma longa trajetória profissional, pode transformar sua experiência em uma fonte de renda oferecendo consultoria.

“Seja em sua área de especialização ou no apoio a novos empreendedores, a consultoria é uma maneira flexível e rentável de trabalhar, sem a necessidade de um emprego fixo ou deslocamento”, ressalta Leitão.

Aluguel de bens não utilizados

Outra maneira prática de gerar renda, na sugestão de Antônio Leitão, é o aluguel de bens que não são mais usados: “Um quarto extra, garagem, ou até mesmo um carro. As plataformas de aluguel de espaços ou veículos podem ser uma excelente maneira de monetizar ativos sem esforço, proporcionando um retorno financeiro regular”. 

Fonte: Diário do Comércio

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